Descartáveis
O planeta está cheio de objetos descartáveis. Copos, sacolas, talheres… Agora até os equipamentos mais “necessários” à vida estão tornando-se lixo, depois que não cumprem mais sua função de nos bem servir: televisões, computadores, celulares e seus derivados, e por aí vai…
Quem me conhece e começou a ler o parágrafo acima, deve estar imaginando que eu virei uma dessas militantes da causa ecológica, que entrei pro Greenpace, essas coisas… Quem trocou poucas palavras, e for da “causa ecológica” pode pensar apenas, que fiquei mais responsável com o meio ambiente…
Mas, longe dessas suposições, quero despertar a sua atenção, para um desastre, não ambiental, mas que se reflete em todas as esferas: o desastre da sociedade do descartável. Mas não estou me detendo ao que o ser humano produz de materialidade. E sim, me refiro a coisas simbólicas, como as relações humanas, nossos relacionamentos cotidianos: família, amigos, namoro, casamento, vizinhos, colegas de trabalho, colegas de outros grupos de socialização…
Sem nem perceber, (e as vezes até tendo uns insights), estamos fazendo com os nossos relacionamentos, o mesmo que faríamos com um objeto: nos dispomos de estar com ele, desfrutamos-0s, e quando julgamos que ele não tem mais serventia, adeus, é só passar pra outro. Vejo pessoas fazendo isso com ficantes, namorados, noivos, amigos… E ainda acham uma pena não poderem se livrar das pessoas da família, não poder ter outra mãe, outro pai, outros irmãos, quando os originais não atenderem seus caprichos e desejos…
Diante desse espetáculo que está mais pra uma tragicomédia de tão trash, eu não vejo só perdição e desespero. Diante da impossibilidade da sociedade em parar de consumir vorazmente, como se o mundo fosse acabar amanhã, diante da inércia dos nossos governantes, diante da nossa inércia frente aos problemas sociais e outros dramas humanos, vem a sugestão: se tornar humano. Isso mesmo, sem redundância. Porque as pessoas não nascem sabendo se comportar do jeito que se comportam, não nascem “desamando”, mas são socializados desta forma, pela mídia, pela cultura atual, e pelos nossos círculos primários…
Torne-se humano. Seja humano, aprenda a não pensar apenas nos seus próprios interesses, olhe para os lados, para frente, para trás, e veja que você tem família, vizinhos, colegas de trabalho e pode ter amigos de verdade… Não adianta pregarmos uma nova religião, ou um novo sistema político, ou uma nova filosofia que poderia “salvar” o mundo, quando a mudança não começar nas esferas mais “micro”, ou seja, dentro de ti, caro irmão (irmã).
Comece agora, aos poucos sim, mas comece a dar mais valor à tua vida (não estou falando de gastar indiscriminadamente seu dinheiro, fazer coisas mirabolantes, ou qualquer coisa que venha a cair na “palhaçada”). Que assim darás a valor aos seus relacionamentos e a quem te deu possibilidade de vivê-los, e eles serão duradouros, permanentes e ainda por cima, tu sentirás feliz por estar vivendo-os.
(Por Natália Araújo)